A escritora britânica J.K. Rowling voltou ao centro das atenções após comentar publicamente a escalação do ator Paapa Essiedu para viver o professor Severo Snape na aguardada série de Harry Potter da HBO. O nome de Essiedu ganhou repercussão ao ser um dos signatários de uma carta aberta em defesa dos direitos das pessoas trans no Reino Unido, o que reacendeu debates envolvendo Rowling e sua já conhecida posição sobre questões de identidade de gênero.
Respondendo a comentários nas redes sociais, Rowling foi direta:
“Não tenho poder para demitir Paapa Essiedu, e mesmo se tivesse, não o faria.”
A afirmação da autora vem em um momento de intensas discussões sobre diversidade e representatividade nas novas produções do universo bruxo, e mostra uma postura diferente da que muitos esperavam, considerando o histórico de críticas à autora por sua postura em relação a temas trans.
Paapa Essiedu e o apoio aos direitos trans
O ator britânico Paapa Essiedu, conhecido por seus papéis em produções como I May Destroy You e Gangs of London, foi recentemente confirmado como o novo intérprete de Snape, um dos personagens mais complexos da saga Harry Potter. Antes mesmo da estreia, seu nome já estava nos holofotes — não por sua atuação, mas por seu ativismo.
Essiedu assinou uma carta aberta em apoio às pessoas trans no Reino Unido, um manifesto público que pedia mais proteção legal, dignidade e respeito à comunidade trans. A carta se posiciona contra discursos transfóbicos e solicita um ambiente mais seguro e igualitário para todas as identidades de gênero.
O pano de fundo legal e social no Reino Unido
A discussão não está restrita à internet ou ao mundo das celebridades. A definição legal de “mulher” no Reino Unido foi tema de decisões recentes da Suprema Corte britânica, que determinou que, para efeitos legais — especialmente na aplicação da Lei da Igualdade de 2010 — a definição de “mulher” refere-se ao sexo biológico feminino.
Na prática, essa interpretação exclui mulheres trans da definição legal de “mulher” em determinados contextos jurídicos, o que tem sido alvo de críticas por parte de organizações de direitos humanos e da própria comunidade LGBTQIA+. A decisão foi vista por muitos como um retrocesso nos direitos civis das pessoas trans, enquanto outros a defendem como necessária para proteger direitos baseados no sexo biológico.
J.K. Rowling e a controvérsia de gênero
J.K. Rowling tem sido uma figura polarizadora no debate de gênero. Desde 2020, quando publicou uma série de tuítes e textos considerados transfóbicos por ativistas e parte da mídia, a autora tem enfrentado forte resistência de fãs, atores da franquia e organizações de direitos civis. Ao mesmo tempo, Rowling mantém uma base de apoiadores que defendem seu direito de expressar preocupações sobre o impacto de políticas trans em espaços femininos.
JK Rowling mantém sua posição como produtora executiva da nova série de Harry Potter, embora tenha deixado claro que não participa diretamente das decisões de elenco.
“Nem se eu pudesse”: uma nova postura?
A declaração de que “não o faria mesmo se pudesse” demitir Essiedu foi vista por muitos como uma tentativa de suavizar a imagem pública da autora. Críticos, no entanto, permanecem céticos, apontando que a influência de Rowling no projeto ainda é significativa — especialmente considerando sua posição contratual como criadora do universo bruxo.
Outros interpretam a fala como uma separação entre política pessoal e decisões profissionais, demonstrando que a produção da nova série pretende ser mais inclusiva, mesmo com Rowling nos bastidores.
A escalação de Paapa Essiedu como Snape, um personagem emblemático que carrega profundas camadas de ambiguidade moral e emoção, é vista como um passo ousado da HBO em direção à diversidade racial e de pensamento. Mesmo com o apoio declarado aos direitos trans, Essiedu conta com o apoio não apenas da produção, mas agora, publicamente, da própria J.K. Rowling.
A descrição de Severo Snape (Severus Snape, no original em inglês) nos livros de Harry Potter, escrita por J.K. Rowling, é consistente ao longo da série.
Desde o primeiro livro (Harry Potter e a Pedra Filosofal), Snape é descrito como:
• Alto
• Magro, quase esquelético
• Cabelos negros e oleosos
• Narigudo
• Olhos negros e penetrantes, comparados a "buracos escuros"
• Pele muito pálida
"homem alto e magro, com cabelo preto oleoso que cai sobre seu rosto, um nariz adunco e olhos negros e frios"
A série de Harry Potter, estreia em 2027, promete trazer novas interpretações para os personagens clássicos, numa adaptação que já começa cercada de debates sociais, políticos e culturais.
Se por um lado a magia permanece viva, por outro, o mundo real segue interferindo — e talvez enriquecendo — a narrativa que encantou milhões de fãs ao redor do mundo.